Seiko: sempre um passo à frente
Celebramos os 140 anos da Seiko regressando ao passado de uma marca que, desde a fundação, quis estar sempre à frente do seu tempo
06.12.2021
Vamos andar para trás. Precisamos de o fazer para contar a história da Seiko, num contrassenso ao lema da própria marca que, desde o início, quis estar sempre “um passo à frente” de toda a concorrência.
A marca japonesa nasceu com Kintarō Hattori que em 1881, com apenas 21 anos, começou por importar relógios que vendia na sua loja em Tóquio. Onze anos depois, em 1892, o espírito empreendedor levou-o a adquirir uma fábrica, então desativada, para produzir relógios de parede, a que decidiu chamar Seiko-sha.

Kintarō Hattori e a fábrica Seiko-sha
Kintarō Hattori sempre quis afirmar a sua marca relojoeira como inovadora, e desde cedo começou a fazê-lo. Nos primeiros anos da empresa havia de criar modelos como o Empire – um relógio de bolso, cujo desempenho se destacou para os parâmetros da época – e, em 1913, em resposta a um dos seus grandes objetivos, o primeiro relógio de pulso japonês, o Laurel.

O Laurel, o primeiro relógio de pulso japonês
Numa história com mais altos do que baixos, um enorme terramoto acabaria por lançar um novo desafio à marca. Em setembro de 1923, o grande sismo de Kantō originou um incêndio que destruiu a sede e a fábrica e foi preciso começar do zero. Mas a reação não tardou. Hattori começou por oferecer relógios a todos os clientes que os tinham enviado para reparação na sua loja e acabaria por recuperar a fábrica para apenas um ano depois lançar o primeiro relógio de pulso com a marca que conhecemos hoje: um Seiko.
O primeiro relógio com a marca Seiko, em 1924
yoshimitsuTAKANO
ADN inovador
Ao longo do anos, a Seiko foi-se afirmando entre os gigantes mundiais, tornando-se, também ela, uma marca incontornável quando se fala destes medidores de tempo. Para esse reconhecimento contribuíram invenções que foram um verdadeiro marco, uma delas apresentada no final dos anos 60 e que revolucionaria o mundo da relojoaria – o primeiro relógio de quartzo, o Seiko Quartz-Astron 35SQ, lançado no Natal de 1969.
Com uma precisão uma centena de vezes superior à de um tradicional relógio mecânico, este histórico Seiko deu início à democratização do quartzo, muito embora o seu preço, na altura, não fosse para todas as bolsas. Com uma caixa em ouro de 18 quilates e uma edição de 100 unidades, custava 450.000 ienes (3475 euros atuais), correspondendo ao que os japoneses podiam então pagar por um automóvel.
Momento histórico para a indústria relojoeira no Natal de 1969 com o lançamento do primeiro relógio de quartzo
yoshimitsuTAKANO
Mas, para além do pioneirismo do quartzo, o ano de 1969 foi marcante também pelo lançamento do calibre 6139 do modelo Speedtimer, o primeiro cronógrafo automático do mundo com características que ainda hoje permanecem como requisitos técnicos essenciais nos modelos mais exigentes.
O nosso tempo
O espírito progressista do fundador da Seiko permanece inalterado até aos nossos dias. Em 2012, seis anos depois de ter iniciado o projeto, a marca lançou o primeiro relógio de pulso solar ajustado por GPS, um modelo capaz de captar sinais do sistema de posicionamento global em qualquer lugar do mundo e que exibe a hora com uma precisão atómica – ganha ou perde apenas um segundo a cada cem mil anos.
Quase um século e meio depois de ter sido criada, a Seiko tem sem dúvida muitos motivos para celebrar e fá-lo, este ano, com coleções que assinalam os 140 anos – Prospex, Presage e Astron.
Motivos para celebrar
Inspirada pela beleza da ilha de Iriomote, em Okinawa, a coleção Prospex conta com dois relógios mecânicos baseados no icónico Seiko Diver de 1968 e um cronógrafo solar. Com braceletes em aço inoxidável, estão disponíveis em edição limitada com preços entre os 830 e os 3480 euros.

Os modelos da coleção Prospex: SPB207, SLA047, SSC807
No automático Presage da série Sharp Edged é a interpretação do amanhecer de Tóquio que a marca assinala numa criação que remete para a forma como a luz do Sol ilumina a cidade às primeiras horas da madrugada. O Seiko Presage também celebra a herança japonesa através de um padrão de folhas de cânhamo, designado Asanoha. Limitada a quatro mil peças, esta edição encontra-se à venda por 1250 euros.
O Presage SPB205 interpreta o cenário do amanhecer de Tóquio
Já numa alusão direta ao modelo lançado em 1969 – apresenta a mesma silhueta curva e as mesmas asas largas do Quartz-Astron –, o Astron de aniversário capta a beleza da yozakura, assinalando o fascínio japonês pela flor de cerejeira. Alimentado apenas por energia luminosa, inclui o calibre GPS Solar Duplo Fuso Horário 5X53 mais avançado de sempre, garantindo uma precisão atómica – ganha ou perde apenas um segundo a cada cem mil anos. Lançado numa edição limitada de 1.500 unidades, com um preço de 2.400 euros, é sem dúvida uma peça para guardar.

A celebração do espectáculo das cerejeiras em flor no Astron do 140.º aniversário
EXTREME-PHOTOGRAPHER